segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Lies

De todas as coisas que sempre mais me custaram fazer, foi mentir. Não gosto de viver em mentiras, de ser alvo delas, de mentir a alguém. Embora saiba que já o tive que fazer por necessidade, para travar acontecimentos, mesmo que positivos, e impedir que se transformassem em bolas de neve, não gosto de mentiras.
Ultimamente apercebi-me que estou a ser cercada por mentiras, por pessoas falsas, por amizades antigas que se transformaram, sem eu perceber como, num mar difícil de navegar. Ajuízo que não mereço estar no centro deste alvo. Não fiz por merecer, tão pouco já fiz algo do género a alguém. É triste, mas os meus dias têm sido vividos a tentar encontrar o conforto da confiança em quem me rodeia. Vividos a tentar erguer a cabeça e mostrar o meu rosto, sem medo, sem vergonha, sem réstia de mágoa. Mas ela existe, existe e eu sinto-a no coração. Gostava de poder ser a Patrícia impulsiva e confrontar a mentira com a chapada da verdade, mas não posso, mais uma vez tenho que refugiar-me e prevenir os estragos. Mais uma vez, tenho que sorrir quando isso não me apetece, tenho que fingir que o terreno é seguro e não tortuoso.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Pontos

Unem linhas. Separam frases dando-lhes entoação. Dão vida aos miseráveis "is" da vida. São marcas de partida e chegada na vida de todos nós.
Prazer, sou a Patrícia, tenho 22 anos e estou num ponto de "merda" da minha vida.
Os acontecimentos recentes fazem-me lembrar que algo de importante aconteceu algures na minha vida para eu ser quem sou hoje. As pessoas que de um momento para o outro, aparecem quando eu mais estou a bater na imundice humana, com problemas e dores maiores que os meus e as minhas, mostram-me como sou fraca por me deixar ir, assim, tão facilmente, na névoa de um cigarro que alguém acendeu e não soube apagar, ou nas águas sujas deste rio (Douro) que já são hoje interesse científico. Sou fascinantemente parva mas, também, eloquente. Consigo sentir as dores daquelas mulheres que caminham descalças acompanhando a procissão, clamando "Socorro" naquela que se torna derradeiramente no frenesim anual de quem não tem mãos a medir com os problemas e nada mais resta senão a ajuda divina. Consigo facilmente achar que deveria fazer o mesmo. Que o terço que dorme comigo todas as noites não é suficiente para afastar os pesadelos nem albergar a racionalidade e a certeza de que sigo o caminho certo. Busco, constantemente, a certeza alheia daquilo que eu, Patrícia, filha de meu pai e minha mãe, sou. Acho-me o pior dos flagelos, mas quando me encontro com pessoas que em algum momento fizeram parte da minha história, sinto-me heroína, viciante, desejável, necessária em horas de dura realidade. Às vezes fazem-me crer que não existem muitas pessoas/mulheres como eu, mas facilmente desfechas esta ilusão com uma chapada de cinco dedos bem assente no meu rosto de bochechas douradas. E eu choro, choro como uma criança, porque a linha recta em que trilhei a minha personalidade, o meu crescimento, não foi para me tornar em apenas mais uma, mas sim para ser Aquela, a que um dia poderão recordar como diferente, mas acima de tudo, como lutadora. E lutadora assim, lamento, mas ainda não vislumbrei mais alguma no espelho.