sábado, 30 de outubro de 2010

Memórias presentes de um passado longínquo

Fui aqui há uns dias até ao Colégio Salesiano de Poiares, onde me orgulho de ter sido aluna, falar aos alunos sobre Alimentação Saudável, no decorrer da celebração do Dia Mundial da Alimentação a 16 de Outubro.
Fi-lo não só porque foi solicitada a minha ajuda por pessoas por quem tenho um carinho imenso, como também por mim mesma. Por um lado ia fazer algo de útil para a sociedade, por outro, ia poder voltar ao espaço que mais marcou a minha vida.
Reencontrar aquelas pessoas, perceber de como marquei e fui marcada, espreitar os cantos daquele Colégio onde vivi tanto... não há palavras para descrever como fui feliz naquilo que fiz. Faltavas tu. E eu conseguia ver-te a sair da cantina depois do pequeno-almoço enquanto eu chegava cheia de pressa, para não chegar tarde ao Bom Dia. Consigo lembrar-me de tanto e de tantos. Consigo até ouvir as vozes, reviver aqueles momentos passados. Hoje, fazia-o da janela da sala de professores, onde me sentia uma intrusa, pois a minha alma é e será sempre de aluna.
Um dia, gostava que lá voltássemos. Um dia... gostava de ver que os mais jovens podem viver aquilo que eu lá vivi no passado. Mas acho difícil, os tempos são outros e levaram a mudanças, os próprios jovens de hoje são demasiado diferentes daquilo que nós fomos. Mas gostava...


P.S. - Ver espalhados pelos corredores panfletos onde o meu nome aparecia depois da palavra Enfermeira, fez-me sentir "especial", mas ao mesmo tempo muito pequenina. Pois é pequenina que eu me sinto e sentirei sempre na casa daqueles que me ensinaram a ser tudo aquilo que eu sou hoje.

Azares


Sinto que tenho que ir à "Bruxa". Sinto porque estes últimos meses só podem ser resultado de mau olhado. Infecção Urinária, caroço que teima em não desaparecer, dentes do siso, infecção intestinal. Estou de rastos. Eu, que raramente fico doente, estou de rastos. Estou com uma fome desmesurada porque adoro comer e não o posso fazer. Tenho fome, tenho sede, tenho sono e vontade de poder acordar bem disposta novamente. Não gosto de estar doente, acho que ninguém gosta. Vi-me a ter que dizer à menina estagiária (que me lembrou do meu passado mais recente) que as minhas veias na região do sangradouro não são boas para puncionar, que nas mãos teria mais sorte, mas ela não quis saber e, como tal, tive que me deixar picar duas vezes. Eu...eu que odeio agulhas dirigidas a mim. Eu que quase entrei em pânico e estive tão perto de arrancar aquilo tudo quando percebi que o frasco do soro ia demorar cerca de 2 horas a esvaziar, que o banco me fazia sentir desprotegida, com dores de costas e sem posição para estar. Eu, que como uma criança suspirou de alivio quando vi o meu pai aproximar-se, mesmo que por dois minutos (o porteiro não deixava mais), e me passou a mão pelos cabelos e disse "vou pedir-te uma almofada, estás com dores". Eu sei que é só uma infecção intestinal, mas garanto-vos que senti que ia morrer. E eu não sou piegas. Aguento a dor como ninguém. Estas eram insuportáveis. E agora só penso que quero ir à bela da sandes de leitão e não posso, que quero comer o assado de Domingo da mãe e também não posso. Não gosto de estar doente, já o disse, mas gosto ainda menos quando isso me priva de algo que tanto gosto...comer.

Tenho mesmo que deitar umas pedrinhas de sal para trás das costas...