domingo, 23 de maio de 2010

Rugas

"Não importa que tenhamos muitos anos de idade, desde que tenhamos memórias". Dizia Artur Agostinho. E eu, no refúgio destas quatro paredes, relembro mais uma vez, como gosto de rugas. Não porque acho que ser idoso seja a fase final da vida. Mas porque acho que os idosos trazem espelhado no olhar a dor, as aprendizagens, os arranhões, a força, a alma incansável de lutar, a capacidade de amar. Memórias. Há uma humildade própria que se torna imprescindível para que possamos ter memorias. Saber amar incondicionalmente, não é um acto passível de leviandade. E isso adquire-se com a idade, com as vivências, mas sobretudo com uma capacidade de se entregar totalmente. Nas vagas surpresas que a vida nos traz, sinto que as rugas transmitem o suor, as lágrimas, o desejo e a fé de quem ousou amar, vencer e, mesmo assim, saber perder.

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